domingo, 1 de junho de 2008

CineMúsica exibe clássico de Humberto Mauro

Os amantes da sétima arte terão uma oportunidade única na abertura do II CineMúsica. Na noite do dia 4 de setembro, o festival exibirá o clássico do cinema mudo “Braza Dormida” (1928), dirigido pelo primeiro grande cineasta brasileiro, Humberto Mauro.

A exibição do filme contará com uma trilha sonora especialmente composta por Luiz Eduardo Pereira, que estará ao piano, e executada em grande estilo por uma orquestra convidada. Imperdível!

Cinema volta a Conservatória

Capital mundial da seresta, a aconchegante cidade de Conservatória entra definitivamente no calendário de festivais cinematográficos do Brasil. Pelo segundo ano consecutivo a cidade recebe o CineMúsica, um encontro perfeito da sétima arte com a música e todas as formas de som que integram a mágica vivida na sala escura.



Entre os dias 4 e 7 de setembro, o II CineMúsica irá movimentar Conservatória, dando acesso à população local a filmes clássicos do cinema nacional, além de lançamentos inéditos. E você pode ficar por dentro de tudo isso aqui no blog, que será atualizando constantemente com as novidades do evento.

sábado, 31 de maio de 2008

Por que falar de som?


Sabe quantos festivais de cinema acontecem hoje no Brasil, segundo os registros da ANCINE e do Fórum dos Festivais? Exatos 172. Haja filme! E no entanto, desses, somente o CINEMÚSICA tem a proposta de voltar-se para a área do som no cinema.

Quase sempre apontado como o vilão dos filmes nacionais, o som tem ganhado toda uma nova força na tela grande, muitas vezes atuando como um verdadeiro ator coadjuvante. E é importante que um festival de cinema abra espaço para que os conhecimentos e a memória técnica dessa importante área do cinema sejam compartilhados com os jovens iniciantes, estudantes de cinema e demais interessados.

O mito do "som ruim" no cinema nacional, alimentado durante anos e apontado como um dos motivos para que muita gente torcesse o nariz à importante cinematografia nacional, tem sido injustamente usado pelos interesses estrangeiros para desqualificar o cinema brasileiro.

A explicação para aquele som abafado e muitas vezes baixo demais não está na qualidade do trabalho de edição e mixagem. Longe disso. O que ocorre é que os filmes brasileiros são mixados na faixa de 90 a 100 decibéis, familiar aos nossos ouvidos, à nossa cultura e à linguagem do nosso cinema. Os filmes americanos, por exemplo, que na maioria esbanjam efeitos sonoros espetaculares e tiram enorme partido dos ruídos, são mixados a 130 decibéis, faixa que por sua vez combina com a cultura e os estímulos cultivados por aquela sociedade.

É provável que você se pergunte: ué, mas se as máquinas são as mesmas e os cinemas são os mesmos, porque é que os filmes brasileiros eram difíceis de ouvir e os estrangeiros não? Ora, é muito simples: como a altura do som das máquinas estava programada para o nível de 130 decibéis, ninguém se lembrou de orientar os operadores para que simplesmente abaixassem o som, adequando-o à faixa de 90-100 decibéis dos filmes nacionais.

Quer dizer, ninguém não. O cineasta Luiz Carlos Barreto, um dos pilares da nossa produção cinematográfica, tem essa preocupação. Em todas as latas do seu recente filme "O homem que desafiou o diabo", está colado um adesivo que diz mais ou menos o seguinte: SR. OPERADOR, ESTE FILME SERÁ MELHOR COMPREENDIDO SE O SR. BAIXAR O VOLUME ATÉ A FAIXA "X". Pronto, resolve-se o problema com um simples ajuste da máquina. E, como se pode ver nos filmes mais recentes, parece que a orientação que Barreto estampa na própria lata tem sido dada, de outras formas, aos operadores, pois praticamente ninguém reclama mais do som dos nossos filmes, grande parte dos quais têm ampla aceitação em vários mercados internacionais.

No I CINEMÚSICA, o sonoplasta e professor Fernando Morais deu uma palestra sobre o som no cinema e destacou que, se alguém - leigo ou profissional - aprende mais sobre o som, na pior das hipóteses saberá "ouvir" mais atentamente um filme. Perceberá melhor a intenção por trás do som e o seu papel na construção do próprio enredo. José Luiz Sasso, veterano que mereceu, no ano passado, o troféu "Personalidade Sonora 2007", falou sobre a história do som no cinema, os avanços e as evoluções dos sistemas sonoros, dos quais a última palavra é o THX, padrão de qualidade que ainda não chegou aos cinemas brasileiros, mas caminha celeremente para isso.

Juntar trilha sonora, diálogos, o silêncio - um som dos mais importantes para a criação de certos climas -, os ruídos externos e tudo o mais, é o papel da mixagem. Os mixadores são, portanto, diretores à sua maneira. Geraldo José, um dos bambas da mixagem, foi homenageado como o Destaque CineMúsica 2007 e falou com paixão do seu trabalho.

No II CINEMÚSICA, cresce o espaço do som, com oficinas especificas que estão sendo pensadas para oferecer aos alunos uma experiência de verdade com o som de cinema. Além disso, grupos de profissionais vão se reunir para discutir os caminhos dessa arte tão crucial para a realização de um bom filme.

Em breve, aqui, mais discussões sobre o tema, com entrevistas, depoimentos e trechos de artigos. Aguarde!